Como vocês sabem, gosto muito de, no meu pouco tempo livre, ler e assistir filmes e séries. Obviamente que domingo passado eu estava assistindo ao vivo à transmissão do Oscar.

Nem todos os filmes ali eram meus conhecidos: mas parte deles assisti. Uns eu gostei, outros menos. Tudo estava transcorrendo bem quando, de repente, Chris Rock subiu ao palco do Oscar para apresentar a categoria de Melhor Documentário. A partir daí, aquelas cenas foram repetidas milhões de vezes por todo o mundo.

Mas quem é Chris Rock?
Para quem não conhece bem o comediante, Chris Rock vem do formato de stand up comedy (muito comum na cultura americana). Paralelamente a isso, um dos seus trabalhos mais famosos é a série Todo Mundo Odeia o Chris baseada em sua vida.

Além disso, não é de hoje que Chris Rock se envolve em polêmicas devido às suas piadas. E foi uma destas piadas de mau gosto que gerou toda a situação no último Oscar.

Basicamente, ele citou a cabeça raspada da atriz Jada (esposa do Will Smith) como se fosse algo “opcional” para estrelar um próximo filme (filme que é conhecido pela cabeça raspada – opcionalmente – da sua personagem principal). Só que, no caso de Jada, a cabeça raspada advém de uma doença autoimune: a alopecia.

Entendendo mais sobre as doenças autoimunes
As doenças autoimunes são um grupo de doenças distintas que têm como origem o fato do sistema imunológico passar a produzir anticorpos contra componentes do nosso próprio organismo.

Por motivos variados, e nem sempre esclarecidos, o nosso corpo começa a confundir suas próprias proteínas com agentes invasores, passando a atacá-las.

Segundo o Núcleo de Estudos de Doenças Auto-Imunes (NEDAI), o conjunto das doenças autoimunes atingem três vezes mais mulheres do que homens. Assim, essas doenças consistem em uma das 10 principais causas de morte nas mulheres, com idade inferior a 65 anos.

No caso, a alopecia areata que acomete a esposa de Will Smith, é uma patologia (doença) onde o sistema imunitário “ataca” erradamente os folículos pilosos (estruturas onde o cabelo cresce) provocando a queda de cabelo. Assim, a alopecia areata é uma doença que resulta de uma reação imunitária anormal (autoimune). Na maioria dos casos, o cabelo cai em pequenas secções, mas os padrões da queda podem variar. Existem situações em que o cabelo volta a crescer e pode ou não cair novamente.

Mas você sabia que há doenças autoimunes que afetam outras áreas do corpo como, por exemplo, a saúde bucal? Alguns exemplos de doenças que podem influenciar na saúde bucal são, principalmente, a doença de Crohn, o lúpus eritematoso sistêmico ou cutâneo, a síndrome de Sjögren e a Psoríase. No entanto, pessoas com doenças imunológicas também estão em risco de adquirir problemas de saúde bucal.

Dona Leila e sua autoestima
Há muitos anos, recebi em meu consultório Dona Leila. Ela sempre usava lenços incríveis na cabeça, com óculos de grau super marcante. Era uma mulher alta (acima de 1,70m) e bem elegante. O estilo dela chamava a atenção, pois ela tinha muita personalidade, mas também lembrava muito aquelas atrizes da década de 60 de férias no sul da França.

Durante o tratamento, ela me explicou que sempre teve cabelos longos e negros. Mas que, com a alopecia areata, ela optou por usá-los curtos. No começo, ela explicou como algo que pode parecer para muitos meramente estético (no caso, os cabelos longos), abalou a autoestima dela e as relações familiares, inclusive com o marido. Ela não se reconhecia com o novo visual (fios curtos) e não se sentia segura para sair, nem para restaurantes, eventos familiares, dentre outros.

Só nos últimos meses ela tinha superado a vergonha e medo e tinha criado uma nova postura: diante da vida e diante da doença.

Ou seja, a alopecia areata, assim como outras doenças autoimunes, é assunto muito sério e que afeta não só a pessoa com a doença autoimune, mas suas relações.

Por isso, lembrei muito de dona Leila no último domingo.

Não estou aqui para julgar quem está certo ou errado sobre a situação do Oscar. Na verdade, será que o mundo é tão maniqueísta assim?! Apenas espero que este triste episódio sirva de lição para todos: em primeiro lugar, que precisamos ser mais empáticos com o próximo. E, em segundo lugar, onde há diálogo, a violência não reinará. Vamos conversar mais!

Por isso, meu amigo e minha amiga, qual é minha provocação: vamos julgar menos os outros. Vamos conversar mais, ter mais empatia e, principalmente, distribuir muitos sorrisos! O amor sempre vencerá, não é mesmo?!

Bom final de semana!