O brasileiro adora um café, não é mesmo? Essa bebida faz parte da rotina diária de milhões de pessoas. Só para termos uma ideia desta paixão nacional: em 2020, cada brasileiro consumiu 826 xícaras, cerca de 2 xícaras por dia. Além disso, gastou R$ 127,20 durante o ano com o produto. Ou seja, um consumo per capita de 4,79 kg de café torrado por habitante por ano.

Assim, no total, o brasileiro consome 814 mil toneladas de café. É muita coisa, não é mesmo? E você sabia que no último 14 de abril foi comemorado o Dia Mundial do Café?

Você conhece a história do café?
Na verdade, não existem registros oficiais sobre a origem do café. Sabe-se, entretanto, que se trata de uma planta nativa das regiões altas da Etiópia, na África. Há duas grandes versões que envolvem a origem do café. Fiquei curioso e, obviamente, fui investigá-las.

Segundo uma das lendas, foi um pastor etíope, denominado Kaldi, quem percebeu que havia algo diferente nas plantas da região. Ele havia alimentado suas cabras com arbustos e folhagens que tinham um fruto amarelo-avermelhado e notou que os animais ficaram mais animados e com energia à medida em que mastigavam os frutos.

Intrigado, ele levou uma amostra da planta para um monge. O religioso, inicialmente, não aprovou e a denominou como “o trabalho do diabo”. A segunda chance foi dada depois que as plantas foram jogadas na fogueira e os monges sentiram o aroma dos grãos torrados.

Já a segunda versão dessa história do café conta que quando Kaldi levou as sementes ao Monge. O religioso logo demonstrou curiosidade e decidiu preparar uma infusão com as plantas e frutos. Considerando os efeitos positivos desta infusão, o monge passou a consumir o preparo dos frutos avermelhados nas noites de reza.

A viagem do café

Da Etiópia, o café foi levado para a Arábia. Da Arábia o café foi levado primeiramente para o Egito no século XVI e logo depois para Turquia. Na Europa, no século XVII, foi introduzido na Itália e na Inglaterra, sendo consumido por diversas classes sociais, inclusive por intelectuais. Logo depois passou a ser consumido em vários outros países europeus, chegando à França, Alemanha, Suíça, Dinamarca e Holanda.

Foram os holandeses que disseminaram o café pelo mundo. Inicialmente transformaram suas colônias nas Índias Orientais em grandes plantações de café e junto com franceses e portugueses transportaram o café para a América.

Já a chegada do café ao Brasil aconteceu a partir de 1727. As condições climáticas do Brasil foram favoráveis e logo o cultivo do café se espalhou por muitos estados.

Os benefícios do café
Além de ser a bebida queridinha dos brasileiros, o seu consumo moderado pode trazer alguns benefícios. Segundo o Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, a ingestão máxima indicada é de três xícaras por dia, resultando em 40 mL de café expresso e 110 a 150 mL de café filtrado, quando não há restrição médica. Este consumo é benéfico e pode reduzir os níveis elevados de pressão arterial e a quantidade de radicais livres, diminuindo os danos causados à saúde cardiovascular.

E a saúde bucal?
Ah… também tenho boas notícias sobre isso. Cientistas brasileiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro descobriram que um certo tipo de grão de café (Coffea canéfora) possui uma propriedade antibacteriana. Se ele está forte, preto, sem açúcar e com moderação, pode sim ajudar a manter a saúde dos dentes. Eles descobriram que o café quebra ativamente o biofilme bacteriano que causa placas dentárias, uma das principais causas de outros problemas com a boca.

Mas também é preciso cautela… o café pode manchar sim os dentes quando consumido em excesso. Por isso, a dica é consumir moderadamente e cuidar da higiene bucal diariamente, combinado?

Dona Amália e os seus cafezinhos
E chegamos à dona Amália, uma paciente minha. Ela me lembra muito Dona Benta do Sítio do Picapau Amarelo: cabelos grisalhos presos em um coque folgado, mas muito bem-feito, aquele ar de vovó carinhosa que quer sempre fazer lanches gostosos para os netos… Esta era dona Amália.

E toda consulta comigo ela trazia alguma guloseima preparada por ela. E sempre aconselhava: “Dr. Rogério, esse bolinho vai ficar uma delícia com um café quentinho. O café não faz mal… ou faz?!” Aí expliquei-lhe os prós e contras e ela ficou mais aliviada. Poderia continuar saboreando o seu café, mas sempre com bom senso e moderação.

Por isso, meus amigos e minhas amigas…. aproveite as temperaturas mais frias e saboreie aquele café quentinho e gostoso. De preferência, com um bolinho saboroso igual de Dona Amália. Mas lembre-se: com moderação.

Bom final de semana!